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A laranja mecânica do mundo

A – l-a-r-a-n-j-a- m-e-c-â-n-i-c-a - d-o- m-u-n-d-o*   By Lecy Pereira Sousa   Olhando para a cara desse abismo Será que dá pra ir mais fundo? Todas as possibilidades não devem caber num I Pod Dizem que ninguém pode passar do a-e-i-o-u Dizem que as areias do deserto vão pra onde bem entendem Sei que os poemas dos amigos viajam de metrô Dizem que as pessoas têm problema mesmo de interpretar Dizem que toda sabedoria reside em evacuar Há um céu na rua França Outro céu na rua Londres Há uma feira na rua João César de Oliveira Pessoas consomem novidades made in Hong Kong VFC vive dizendo que essa é Contagemtown Quem disse que aqui árvores são poupadas da sutileza da rosa dos ventos? Não há uma sinfonia que possa ativar monstruosidades YAS é veloz em sua máquina de palavras FJ lastima todas as sinas DM luta todo dia por uma pop oesia Em inglês GA pode ser God Again Em Contagem GA pode ser Grande Anônimo Sechi é a repercussão sonora do verbo secar José Adão vê menino

Apresentação no Terças Poéticas

15/09/2008 Lecy Pereira Sousa, Leonardo de Magalhaens e Rodrigo Starling apresentam performance "Los Três Amigos" no próximo Terças Poéticas O Terças Poéticas, a ser realizado no dia 16 de setembro, será diferente. Em vez de receber um poeta e homenagear outro, a próxima edição do projeto de leitura, vivência e memória da poesia vira palco para Lecy Pereira Souza, Leonardo de Magalhaens e Rodrigo Starling apresentarem a performance "Los Três Amigos". O encontro acontece a partir das 18h30, nos Jardins Internos do Palácio das Artes, com entrada franca. O Terças Poéticas é uma realização da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, através de parceria entre Suplemento Literário e Fundação Clóvis Salgado, com apoios culturais da Rádio Inconfidência e Rede Minas de Televisão. Rodrigo StarlingRodrigo Starling vive em Belo Horizonte, é filósofo, poeta, e gestor de organizações não governamentais. Foi o fundador e tual presidente da OPA! Oficina de Produção Artístic

Sobre PRIMEIRAPESSOAPLURAL obra de Lecy Pereira Sousa

                                                                            Copilot From: Leonardo de Magalhaens < leonardo_de_magalhaens@yahoo.com.br > Date: 2008/10/21 Subject: sobre PRIMEIRAPESSOAPLURAL obra de Lecy Pereira Sousa Sobre a obra PRIMEIRAPESSOAPLURAL do Poeta Lecy Pereira Sousa   Poemaremos por falta de opção      Sabemos que o mito da 'oportunidade iguais para todos' se revela um mito tão fabulístico quanto a 'liberdade de mercado'. Percebemos que 'o mercado sem Estado' é mera 'ideologia neoliberal', e que se a 'vida é uma corrida', alguns saem 50 metros a frente de outros tantos.      Sendo assim qualquer pregação de coerência revela-se ideológica e metafísica - não há redenção no 'deserto do real'. Só há uma existência do 'sou o que tenho' e uma pseudo-existência virtual - 'sou o que a mídia(os outros) diz(em)'.      Sem opção, sem oportunidades, resta a ironia, o poemaremos

Infinitivos (conto experimental)

Você me amar, perguntar. Até o limite do assombro, responder. Desaparecer, algo inimaginável. Ele, ela, eles, elas, nós, vós. Há uma cidade correndo inteira por cabos telefônicos em postes. Correm as vozes num fluxo verbal congestionante. Esperar que ela me entendesse quando atendesse a chamada. Ontem foi difícil, talvez não menos que agora. Aquelas fotografias congelaram um beijo que recebi numa festa tecno, dizer numa "rave". Esse é o terrível terreno da subjetividade. Suposições. Que último romance Dulcinéia ler? Que último filme assistir? Há de ser a adaptação de "Ensaio sobre a cegueira" por Walter Sales Jr. ou "Meu nome não é Johny". Que música ouvir ou quadro a reparar: cena rural, soberbia urbana, abstrações, viagens oníricas? Há na rua da selva, onde os homens não têm nome, mas números, um leopardo a nos espreitar com seu olhar agridoce numa busca elegante, imponente, por presas que afiem mais suas presas que dariam curiosos souvenires pendurados

Rodolfo Zíper e seus planos para o mundo

Algum dia você já imaginou uma pessoa doida, mas que parece certinha? Pois bem, Rodolfo não é uma coisa nem outra. Trata-se de uma combinação meio estranha dos estados do ser. Seu apelido se deve ao hábito que ele tem de não usar cuca e, num belo dia, o zíper da calça que usava prendeu a ponta do seu prepúcio. Foi uma experiência hilária e, certamente, dolorosa. O fato de Rodolfo ser alvo da malhação alheia levou-o a arquitetar um delicioso plano de vingança. A grande idéia surgiu enquanto bebericava um chope num boteco. Ele apelou e se cansou da pindaíba pela qual vinha passando. Resolveu, como dizem por aí: “chutar o balde”. Destilaria suas mágoas nas pessoas. O pobrezinho já não agüentava o deboche dos outros por causa do seu bigode estilo escovinha (realmente horrível) e do seu cabelo no melhor penteado “boi lambeu”. Todos gargalhavam. Rodolfo reagiu a tudo com fúria mortal. Apoderou-se de uma caneta e de um bloco de papel e decidiu aprontar uma reviravolta incomparável. O mundo es

Olhares (conto)

From: Leonardo de Magalhaens < leonardo_de_magalhaens@yahoo.com.br > Date: 07/10/2008 18:33 Subject: Olhares (conto) um conto de outrora...   OLHARES     Estranho é andar pelas ruas, numa manhã isenta de sol, furando as ondas do tráfego, e sentir, queimando, os olhares acusadores dos passantes. Suas faces transformadas, tal em convulsões, de bílis vertida nas estranhas, e um rasgo de deboche nos lábios, um não-pode-você-fazer-que-vai-nos incomodar toda vez que insistimos em seguir junto as vitrines, e ao fim, nos desviamos, antes de derrubarmos, por terra e cimento,   a senhora com suas inevitáveis duas sacolas prenhes de mercadorias, e ela ainda insatisfeita.       É assim: todos me acusam. Estou sujo, um traço de dentifrício marca em cicatriz o subúrbio de meus lábios, ou meu cabelo se enroscou serpentino ao vento de fuligens.       É assim: de súbito, um olhar me enternece. Uma garota de meu interesse, que penso já ter visto antes, talvez num dos agitares do

Os descaminhos da melancolia VIII

Os descaminhos da melancolia VIII O escritor moçambicano Mia Couto, para mim uma das vozes mais ecoantes do atual contexto literário da língua portuguesa costuma dizer que o tempo é um rio. Figura de linguagem, ou não, seguimos arrastados por esse leito que cisma de correr para o mar. Então, dezesseis de agosto pela manhã e eu fui ao encontro do romancista Leonardo de Magalhaens. O local era o parque ecológico palco de outros momentos em que tratávamos de assuntos literários para variar. De ali fomos ao almoço rápido. Eu pedi um mexidão e ele um tropeiro acompanhado de suco de latinha. Quem está a ler há de se questionar em que essa descrição de cardápio pode tornar esse texto mais interessante e diferente de um diário juvenil e perfeitamente descartável. Bem, não sei. Sei que falamos de poemas, egos literários, personalidades infantilizadas (dessas que nós, escribas ou não, costumamos padecer), ausência de profissionalismo quando ele se faz necessário no meio cultural, gente que combi