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As Inteligências Artificiais podem ser autocríticas?

©Lecy Sousa Se pedíssemos a um martelo, ou a uma motosserra para dizerem quais os perigos de cada um deles ser utilizado de forma incorreta, naturalmente eles não poderão responder. Imagine que você insira Inteligência Artificial nessas ferramentas, incluindo audição para comandos externos e… peça a elas para dizerem que mal elas podem fazer ao ser humano. Ainda assim, elas se esquivariam e diriam que o mal uso de qualquer ferramenta só pode ser feito por quem a utiliza ou a oriente a fazê-lo. Na maioria das vezes o ser humano não gosta de assumir os próprios erros, mentiras, más ações, etc. Pedir desculpas, então… é mais fácil o Vesúvio se transformar numa árvore imponente que a maioria das pessoas pedirem desculpas de forma convincente. No “universo” das Inteligências Artificiais não existe retorno. O mais provável é todas elas caminharem para uma convergência num espaço de tempo incrivelmente reduzido. A pergunta é: ao chegarem a um tal nível de refinamento, as IA’s serão capazes de

Existência estomacal

By Lecy Pereira Sousa     Por todos os lados que se quisesse olhar, o vislumbre era único. Tudo eram bocas cheias e fechadas pela mastigação. O mundo se resumiu numa única coisa: vontade de comer! Muito embora, nem sempre essa vontade fosse concretizada. Dormia-se, acordava-se, lia-se e escrevia-se, odiava-se e amava-se somente para comer. Afinal, o que poderia garantir uma sobrevida, uma continuidade, um orgulho incorrigível?   Comiam as paredes de concreto, as árvores dos jardins , as placas comemorativas, os bustos de bronze de mortos ilustres e bigodudos. Numa incessante antropofagia, comiam os homens, as mulheres e os andróginos . Não havia traça ou verme que se comparasse. Devoravam as esquinas, as manequins das vitrines e as vitrines de sobremesa.   Um bom título para narrar a ânsia febril por consumo seria  Nascidos para comer . Por todos os lados que se quisesse olhar, como num espelho, só se viam olhos vazados de fome e bocas incrivelmente nervosas. Não havia nada que