Julho será meio ou inteiro assim: intenso e justificado. Graças aos nossos atos pretéritos e às incontroláveis conjunções astrais. A ininterrupta conjunção astral retrógrada ou avançada.
Dizem e as estrelas mortas provam: quando um corpo físico está próximo do seu fim tudo tende a ficar mais intenso. Uma espécie de dilatação/confusão plutoniana (o coitado do não planeta Plutão é tomado como exemplo por ser denso e distante).
O que aprendi verdadeiramente nesses quase dois anos de pandemia? Responda Google? Aprendi a continuar a mesma marmota de sempre ou algo realmente válido ocorreu na alquimia corporal? Fui capaz de estudar a mim mesmo com minhas idiossincrasias (considero essa palavra bastante obtusa e nem sei o porquê)?
Será que aprendi a reflexiva função do espelho ou seguirei me guiando apenas por aquilo que está fora ofertando zero por cento de intuição?
Julho há de ser tão intenso e agudo quanto uma dor de dente ou de uma vesícula empedrada (a palavra é empedrada mesmo, viu?).
Teremos em uma trintena de dias o “finício” proposto por um James Joyce irlandês qualquer (ironia)... o Gran Finale de uma peça de William Skakespeare (aquele que tinha tempo, talento e recebia sem atravessadores por suas peças teatrais – Eita, cara porreta!).
Será que aprendi o suficiente para tratar com sabedoria a absoluta falta de educação? A palavra respeito continuará passando diante do meu nariz empoeirado sem que eu pratique seu significado?
Difícil pesar na balança do tempo o que tornou-se saber impregnante. Sim, eu deveria ficar grávido de conhecimento pleno, mas essa gravidez choca a sociedade. Tudo aquilo que propõe transformação interna choca a sociedade, que teme olhar para dentro de si e ver apenas órgãos internos e sangue circulando. Mas há vermes e bactérias também, ok?
Portanto, diante de tudo aquilo que não consegui fazer ou do pouco que fiz em função de um “nós” melhor – parte da sociedade odeia a ideia de um “nós” inclusivo – que julho possa, de fato, me demolir - sendo isso gramaticalmente correto ou não - quebrando todas as pedras nos rins. Que eu aprenda humildemente as lições de mais um inverno tropical.
Lecy Sousa
Tecnólogo, Licenciado em Letras e autor de poemas, contos e outras histórias.