Lecy Pereira Sousa
Todos os anos, os exames pré-vestibulares
apresentam temas recorrentes (problemas sociais, ambientais e comportamentais)
para as redações dos inscritos. Lembrando que a redação pode ser determinante
para a boa classificação e a conquista de uma vaga pelo candidato.
Se os políticos tivessem a oportunidade de
ler essas redações, eles saberiam como os estudantes analisam os graves
problemas sociais do Brasil e quais soluções eles apontam para esses problemas,
desde que sejam agradáveis aos olhos das respectivas bancas examinadoras.
Em relação à Copa do Mundo de 2014, tema
que divide opiniões : fanáticos por futebol X indignados com problemas sociais,
notamos que os investimentos financeiros são astronômicos para garantir o
acesso, o bem estar e o divertimento de uma minoria que aceita pagar caro por
esse tipo de lazer. Acresce aos gastos, a possibilidade real de envolver as
Forças Armadas com investimento de R$ 40 Milhões em armas que usam balas de
borracha, spray de pimenta e cassetetes, sem falar nos gastos com logística,
alimentação e salários para manter esse efetivo nas ruas, só enquanto durar
esse divertimento para poucos. Os demais, que assistam pelos telões, telinhas,
Internet e ouçam pelas rádios, num processo hipnótico digno de anos de estudo.
Uma coisa é a pessoa ser contra o futebol,
ou não apreciar o futebol como fanatismo de arrecadação financeira. Na sua maioria, a
população brasileira gosta de futebol, mas odeia a falta de investimento real
em melhorias para a SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, EDUCAÇÃO, EMPREGO E MORADIA (temas tão
cobrados em redações escolares). Chega a ser irracional a comparação custo –
benefício de um evento desse para um país como o Brasil que, ainda, está longe
de uma Suécia no quesito investimento em melhorias sociais.
Diante do surrealismo dessas decisões que
apostam, exclusivamente, no efeito hipnótico do futebol sobre a população
desinformada acerca dos acordos financeiros de reconhecida lesa-pátria, resta
uma alternativa. A seleção brasileira de futebol precisa vencer na marra a
competição. Caso contrário, restará aos governos locais, a indignação dos fanáticos
por futebol com a indignação dos que esperam há 200 anos por investimentos
maciços em SAÚDE, EDUCAÇÃO, ALIMENTAÇÃO, EMPREGO E MORADIA. Nas duas situações,
tanto eu quanto você sabemos que pimenta boa é aquela que arde nos olhos dos
outros. Mas PRE-PA-RA que o Carnaval vem aí!