Lecy Pereira Sousa
Zeus, pai de Cronos - Mitologia Grega |
Acabei de ler o texto
escrito pelo jornalista e escritor colombiano, Héctor Abad e traduzido por
Francesca Angiolillo, editora- adjunta da “Ilustríssima” que integra o jornal
Folha de São Paulo (20.04.2014).
Intitulado “O resto é
silêncio”, o texto ressalta que Gabriel García Márquez, falecido a 17 de abril
de 2014, era um escrito imenso, mas deste mundo.
Concordo com Héctor, nessa
ressalva, em parte (não tenho embasamento científico para afirmar que somos
exclusivamente deste mundo). As demonstrações afetivas que ocorrem na Colômbia
são justificadas por quanto o nome e o talento de Gabo colaboraram para colocar
o país no cenário mundial em termos literários.
Mas a pergunta da qual não
se ocupa o texto de Héctor é: o que, de
fato, mitifica um autor? Seriam seus livros, a sua capacidade de lidar com a
mídia, seu bom trânsito entre “poderosos”. Porque, a Literatura em geral, é
também um terreno onde, se a inveja(sentimento considerado menos nobre entre
pessoas esclarecidas) matasse, teríamos velórios semanais no mercado editorial.
Não consigo me esquecer de
um trecho da autobiografia do poeta chileno Pablo Neruda. Ele afirma nunca ter
entendido como alguns poetas de sua geração, por ele considerado geniais,
jamais publicaram ou alcançaram a visibilidade que ele alcançou. O que
aconteceu com Neruda qualquer leitor de ginásio (pelas barbas do profeta) sabe.
Então, quem decide qual autor ou personalidade será mais ou menos aclamada? A
vendagem de livros? O prêmio Nobel? Algum escândalo? Eu tenho minhas dúvidas.
Há autores, que passaram por todas essas situações, dos quais não lembramos
sequer os nomes.
Á memória de Gabriel García
Márquez cabe o respeito de seus pares, o carinho de seus leitores que não são
poucos, as homenagens, que são um desdobramento do fato. Quanto ao homem,
colombiano, nascido num vilarejo, só aqueles que o conheceram de perto podem
dizer de que maneira, específica, tal figura ficará marcada em seus corações e
mentes. É fato, cada um o percebia com interpretações, inconfundivelmente,
peculiares.
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