Tendo concluido a leitura de “Duas
viagens ao Brasil”, escrito por Hans Staden e publicado nos idos (bote idos
nisso) de 1557, numa terça-feira de Carnaval – algo tropicalmente sugestivo, o
que devo dizer?
Seria legal se todos os
brasileiros e brasileiras pudessem ler esse livro, mas é discutível se isso
acontecerá nos próximos 500 anos, pelo fato de eu, mesmo, ter tido acesso
ao livro em 2013. Considere, ainda, que
Hans Staden era um mercenário, curioso, viajando com plano traçado e sem
um pingo de juizo, no sentido da temeridade. Um sujeito desbandeirar da
Alemanha para uma gigantesca floresta selvagem (na visão dos europeus), no Século
XVI, com intuito mais evidentemente comercial só podia ser ou louco, ou um
homem cheio de fé em Deus. A propósito, ter fé em Deus ao ser feito prisioneiro
por índios Tupinambás, canibais por excelência no trato com seus inimigos,
seria uma questão de prudência.
Hans Staden escapou à mingau – e mingau
era o que esses indígenas faziam para saborear todas as partes dos infelizes
prisioneiros. Inclusive a flora intestinal.
Por um milagre, Hans Staden
sobreviveu para contar a história, que muitas gerações devem ter lido com o
Hans Staden |
Dividido em duas partes, trazendo
capítulos com títulos quilométricos (uma característica literária daqueles
tempos), essa edição da L&PM Pocket Descobertas tem a Introdução escrita
por Eduardo Bueno, escritor e jornalista que tanto tem contribuido para
desmistificar a gloriosa história da nossa pátria mãe gentil.
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