domingo, 30 de dezembro de 2012

Réquiem para Maria Clara Segóbia


"Conheci Maria Clara Segóbia em  2005, no Congresso Brasileiro de Poesia, em Bento Gonçalves/RS. De cara, ficamos amigos e em 2006 ela apareceu no 2º Belô Poético – Encontro Nacional de Poesia de Belo Horizonte, realizado por mim e por Virgilene Araújo. A partir daí, ela era figura constante todos os anos no Belô Poético.Tivemos tantas histórias juntos por aqui, que nem sei... Tenho orgulho de tê-la homenageado ainda em vida, no 5º Belô Poético, em 2009 e olha que nem eu, nem ninguém e nem mesmo ela sabíamos de sua doença.  Este ano ela não deu as caras por aqui e sentimos muita falta de sua alegria espontânea. Agora me chega essa triste notícia: Deus, precisando e muito dos poetas lá em cima, levou Maria Clara Segóbia ontem, dia 29 de dezembro para encantar um pouco o céu, com a sua poesia.

Eu poderia ficar horas escrevendo um puta texto, lindo por ter sido reescrito duzentas vezes para ficar bem legal, mas prefiro apenas ser honesto comigo mesmo, abrir meu coração e dizer: - Poxa, cara, tou triste, muito triste mesmo. E tudo que estou sentindo pode ser refletido no poema que transcrevo abaixo."


Concerto para lá maior
(entre as nuvens)

Meus amigos estão todos indo embora
e eu, por enquanto
vou ficando por aqui
com aquela sensação de vazio
preenchendo-me os poros
as artérias, a alma, os versos.
Revejo catedrais que outrora
pensei um dia, edificar
entanto, o tempo escorre pelas mãos
entra pelos ralos
sem que ao menos, possa segurá-lo.
Alguns recitam versos lá
outros cantam entre nuvens
e cá, ficamos nós, desatando nós
nessa insegurança tão imperfeita.
Meus amigos estão todos indo embora
embora seja verdade, devo aceitar
aguardando que um dia
numa viagem menor
eu possa ver estrelas, constelações
e desvendar enfim, os mistérios dessa vida.

Rogério Salgado
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(Eu não tive a oportunidade de estabelecer uma amizade mais aproximada com a Maria Segóbia, mas me encantaram a sua energia e a alegria espontâneas no Belô Poético. Reproduzo acima o texto e o poema do Rogério Salgado) - Lecy Pereira.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Espelho d´água

Num primeiro momento, a acuidade do pensamento não nos "protege" da nossa realidade intríseca - entenda-se por realidade o que nos sucede em estado bruto, o que escapa à nossa percepção. Porém, a partir do momento em que aprendemos a lidar com uma nova forma de pensamento vamos adquirindo uma capacidade de relacionamento menos tenso com o imponderável.Entenda-se por imponderável aquilo que não está previsto em nossa forma de viver.