quinta-feira, 18 de março de 2010

SEGUNDA CHAMADA POETAS EN CENA






SEGUNDA CHAMADA
 
até o dia 30 de março de 2010
 
 
"Poetas En/Cena Volume 4"
(Uma reunião de poemas de poetas brasileiros)
 
Prezado(a) poeta:
 
Estamos novamente nos arvorando a realizar um sonho: o 6º Belô Poético – Encontro Nacional de Poesia de Belo Horizonte estará acontecendo dias 15, 16, 17 e 18 de julho próximo. E mais uma vez estaremos realizando um livro com trabalhos de poetas de vários estados brasileiros, livro este, que será divulgado durante o evento. A nossa intenção com essa publicação é enriquecer ainda mais o Belô Poético, que a cada ano vem se consolidando no cenário poético nacional. Para tal, a referida coletânea terá o seu lançamento nacional durante o "Sarau Lítero-musical– parte da programação do Encontro", no qual os poetas participantes realizarão a abertura recitando um dos seus poemas. Os poetas incluídos na antologia "Poetas En/Cena Volume 4" estarão automaticamente inscritos no 6o Belô Poético. Maiores informações sobre a programação estará disponível no site: www.belopoetico.com a partir de abril de 2010.
Estamos convidando-o a participar desse projeto, e para isso, seguem as informações abaixo:
 
·         Cada poeta participante terá direito a 04 páginas para expor seus poemas e biografia, a qual não poderá exceder a 30 linhas digitadas.
·         Esse material deverá ser entregue via e-mail ou através de correspondência. Cada autor fará uma revisão antes do livro ir para a gráfica, sendo esta revisão de inteira responsabilidade do autor.
·         O livro terá capa 02 cores, plastificada, em papel supremo 250g, costurado e colado – miolo: papel Ap 75g.
·         A antecedência desse informativo é para que haja tempo suficiente para a mais perfeita editoração da Antologia, cuidando do conteúdo, assim como o da estética do livro.
·         Cada autor fará um investimento de R$ 390,00 (trezentos e noventa reais) para cobrir os custos gráficos de confecção do livro, que poderá ser pago em 03 (três) parcelas de R$ 130,00 (cento e trinta reais) cada, em forma de cheques nominais a Rogério Salgado da Silva, pré-datado para os dias 15 de abril, 15 de maio e 15 de junho de 2010. 
·         Cada poeta terá direito a 45 exemplares do livro.
 
A importância dessa iniciativa é a divulgação dos poetas, através de um Encontro que tem o seu reconhecimento nacional, o qual precisa de incentivo de todos os poetas, já que é um evento feito de poetas para poetas. Gentileza confirmar interesse em participar deste projeto até o dia 30 de março de 2010, enviando o material  por e-mail. Os cheques deverão ser enviados através de carta registrada para Belô Poético Produções Artísticas e Literárias. Caixa Postal 836 – Belo Horizonte/MG – CEP 30.161-970.
Os poetas que não puderem participar do 6o Belô Poético-Encontro Nacional de Poesia, receberão seus exemplares em casa, via correios.
                                              

Rogério Salgado & Virgilene Araújo

Realizadores do "Belô Poético-Encontro Nacional de Poesia"
 
Mais informações: (31) 3464.8213 – 8421.6827 – 8416.8175.
 
 
 
 


sábado, 13 de março de 2010

História kafkiana

Fiquei sabendo por meio de um jornal impresso e online também que após oitenta anos de sua morte, a república Tcheca acaba de publicar a primeira biografia do escritor Franz Kafka.




Ora, ointenta anos não são oitenta dias raciocinando pelo lado mais dedutivo da história.



Daquele país(Tchecoslováquia) tantos outros escritores surgiram e sumiram nesse intervalinho de tempo. Outros alcançaram a fama como Milan Kundera ( um dos meus escritores prediletos – o romance “A vida está em outro lugar” continua sendo um soco em meus rins e pode ter contribuido para que eu ousasse a suposta poesia contemporânea), um poeta virou presidente em Praga, algo impensável nesses trópicos.



Não é pleonasmo dizer que o povo Tcheco consome e produz uma cultura bem próxima da erudição e do acinzentado e frio regime político de outros tempos.



Kafka que, talvez, em sua conturbada existência não tenha imaginado um mundo pop com o atual, onde as biografias são publicadas logo no início da carreira da personalidade, virou autor cult até no Brasil. De tão cultuado e citado, Kafka se transformou num popstar, personagem de palavras cruzadas e é de se estranhar que sua obra não tenha se tornado enredo e alegoria para escola de samba na Marquês de Sapucaí (até agora).



Convenhamos, oitenta anos é um tempo que cabe em lembrança e esquecimento, mas como dizem os esperançados: nunca é suficientemente tarde. Por exemplo, Maria Quitéria foi uma mulher que ajudou a construir a História do Brasil. Em cem anos ninguém se ofereceu para escrever uma biografia dessa personalidade (não olhem para mim). Hoje há presidentes vivos tendo suas histórias de vida filmadas e exibidas nos cinemas com bilheteria, é lógico.



Algumas biografias são escritas por conveniência, outras por status, outras pelo prazer proporcionado ao biografado. Há biografias para cães, gatos, cavalos, etc. Como podemos notar biografia não é bicho de uma cabeça só.



Mas oitenta anos para se escrever uma biografia de Franz Kafka em sua terra natal? Falta de competência seria a mais esculachada das desculpas.



Um autor que é lembrado por adolescentes pelo personagem que, um “belo dia”, acordou transformado numa barata. É impossível não se surpreender com a súbita mutação do personagem Gregor Samsa. Obviamente Kafka vai além de “A Metamorfose”.



Bom será se não precisarmos esperar as mesmas oito décadas para lermos uma tradução competente para o Português da biografia desse autor que teve curta existência física para os padrões europeus, mas marcou leitores do mundo inteiro com sua criatividade literária.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Isso aqui não é Bervely Hills

Nada de holofotes dos estúdios da Metro Goldwin Mayer em Hollywood. Não há leão rugindo. Se houvesse, seria fugido do circo.



Onde os olhos violeta de Elizabeth Taylor, a boca de Judge Garland, o topete brilhantinado de James Dean? Nenhum ataque de índios apaches. As lembranças são das balas Apache e Chita, essa última lembrando Tarzan. E as balas-doces nem passam perto das balas de fuzis e escopetas que passam zunindo e se alojam nas paredes dos barracos. Na televisão, mais um episódio da série Barrados no Baile e seus atores e atrizes no maior apuro fashion. Mas, lá fora, quem barra tudo e impede a subida no morro são as gangues de bandidos ordinários.



Ao menos no quarto há certo glamour: pôsteres de divas da música, um computador velho, mas passando e-mail, livros comprados com o dinheiro de um trabalho honesto, um telefone sem fio, um aparelho de som com o rádio ligado. Numa cama de metal com design moderno e sobre um colchão ortopédico, uma pessoa deitada de bruços, o braço esquerdo sustentando a cabeça e lágrimas rolando ininterruptas dos seus olhos. No chão de cerâmica rústica, uma caneta que caíra da sua mão direita e um bloco de papel onde o que aparentava ser uma carta foi escrito. Assim começava: "Eu quero ficar com você em todo lugar..."



No rádio, volume alto, rolava a música Everywhere do grupo Fletwood Mac.



Começava mais uma noite na favela.


Fleetwood Mac - Everywhere
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segunda-feira, 1 de março de 2010

Oceânico Portuguesia

PORTUGUESIA – AO SERVIÇO DO VERBO



Ruy Ventura





Não é com ingenuidade que se coloca num volume com cerca de 500 páginas o subtítulo “Contraantologia”. Nem é com inocência que um dos primeiros poemas incluídos nesse tomo afirma que “ou se gosta / ou não se gosta”, concluindo – antes dum peremptório “eu” – ser “impossível determinar o conteúdo deste livro” e acabando por sugerir: “podes chamar-lhe poesia, podes chamar-lhe nevoeiro”. Os ágrafos – a quem este trabalho monumental do poeta mineiro Wilmar Silva é dedicado – terão certamente uma palavra a dizer, agentes de um trabalho de dissolução da autoria, que (num mais ou menos longo e mais ou menos complexo processo de produtransmissão) conduziu sempre ao desaparecimento da paternidade/maternidade do texto e ao seu anonimato. Também não será inconsciente a colocação na capa do primeiro volume da Portuguesia uma reminiscência do primeiro símbolo nacional dos falantes de língua portuguesa – cruz azul sobre prata –, a lembrar talvez os propósitos deste projecto: descer às raízes da língua e da sua palavra para aí descobrir a autenticidade poética de um vasto mundo, transversal a vários continentes.



*



Afirmar que uma antologia é o seu contrário exige resultados consequentes. Contrariar hábitos instalados – quase nunca justificados e nem sempre justificáveis – obriga a uma responsabilidade acrescida.

Convenhamos. Há antologias de poemas e há antologias de poetas. Às primeiras interessa a palavra, servida estética e/ou filosoficamente – os poemas, tornados quase anónimos, neles buscando e apresentando valores intrínsecos. Nas segundas, são os autores que determinam tudo ou quase tudo – mais como ícones do que como índices, para utilizar os termos felizes de E. M. Melo e Castro –, enquanto figuras históricas, localizadas no espaço e/ou no tempo, rodeadas ou não de notoriedade pública. São olhares completamente diferentes sobre o texto: num caso, interessa a Poesia; no outro, a Literatura, a sua História e/ou a sua Sociologia. As primeiras (independentemente do seu nível de conseguimento estético e da capacidade de organização do antologiador) serão sempre obras de arte, na sua composição entrelaçada, entrançada. As segundas só terão interesse enquanto objectos de estudo histórico, quando a elas preside um desejo de registo, de homenagem ou de afirmação, a vontade recuperar uma memória perdida ou o propósito de analisar o tratamento dado a um determinado tema num tempo mais ou menos alargado; a consideração artística da antologia dificilmente terá em conta o livro inteiro, mas cada um dos poemas, enquanto objecto de Arte individual.

Wilmar Silva, ao organizar a sua Portuguesia, escolheu – quanto a mim – o melhor caminho. Deixando para o final do livro a indicação da autoria dos poemas irmanados ao longo de mais de quatro centenas de páginas, colocou-se ao serviço da palavra – logo, da Poesia – transformando o seu trabalho numa obra de Arte que nos obriga a uma aproximação global da sequência, seja qual for a nossa opinião sobre cada um dos textos escolhidos. Colocados como estão, os 484 poemas apresentam mesmo uma linha que tem tanto de narrativa quanto de ensaio – a requerer uma leitura múltipla, unificada e unificante.

Esta “contraantologia” corresponde, portanto, a uma abordagem conceptual da poesia que se faz hoje em Portugal, no Brasil (Minas Gerais), em Cabo Verde, Guiné-Bissau e Timor-Leste. Valorizando a palavra, opõe-se à valorização do autor enquanto ícone de fama e de notoriedade, quantas vezes sem capacidade fazedora correspondente, não conseguindo sair da mera produção epigonal, inofensiva.



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Um livro como este tem a vantagem da surpresa, se nos deixarmos levar pela proposta do seu edificador. O jogo estruturado por Wilmar Silva não facilita a identificação do autor do poema lido, embora a permita. É essa organização que, no entanto, valoriza a obra. Deslumbramo-nos com poemas de autores que desconhecíamos, desgostamo-nos com textos de poetas estimados, confirmamos adesões ou exclusões, percebemos quanto trabalhou o poeta de Yguarani para encontrar na produção de um determinado nome algo que não fosse indigno.



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Ao ler uma e outra vez este grosso volume – acompanhado por um dvd em que os poemas surgem ditos pelos seus autores empíricos – tentei não falsear a proposta desta obra de Arte. Fui lendo e apontando os códigos alfanuméricos que ladeiam cada poema, para no final estabelecer a minha lista de preferências – não de poetas, mas de poemas. Não me custa afirmar que li com muito gosto os textos de Adolfo Maurício Pereira, Adriano Menezes, Alexandre Nave, Ana B., Ana Viana, André Sebastião, Arménio Vieira, Daniel Bilac, E. M. Melo e Castro, Edimilson de Almeida Pereira, Fabrício Marques, Fernando Aguiar, Fernando Fábio Fiorese Furtado, Guido Bilharinho, Iacyr Anderson Freitas, João Miguel Henriques, João Rasteiro, Joaquim Palmeira, Jorge Melícias, José Luís Peixoto, José Rui Teixeira, Luiz Edmundo Alves, Márcio Almeida, Márcio Catunda, Milton César Pontes, Narciso Durães, Nuno Rebocho, Pedro Mexia, Prisca Agustoni, Rui Costa, Rui Lage, Tânia Alice, Valter Hugo Mãe, Wagner Moreira – entre outros que não menciono aqui para não alongar a lista.

Nuns casos confirmei preferências antigas; noutros, surpreendi-me a apreciar poemas de autores cuja obra pouco considero; especialmente saborosas foram as descobertas de poéticas completamente desconhecidas, inclusive de autores residentes dentro do rectângulo ibérico que é Portugal.



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Há exclusões “lamentáveis” – como diria um crítico sem boas intenções ou um poeta despeitado? Ausências, sim. Exclusões, não, muito menos “lamentáveis”. Wilmar Silva pretende editar outros volumes da sua Portuguesia em que muitos ausentes se farão presentes, numa demanda que lhe ocupará a vida inteira – conforme confidenciou no encontro ocorrido em Julho passado, no Centro de Estudos Camilianos, em Seide. Quanta gente precisa de cartografar no oceano da poesia escrita em língua portuguesa! O esforço valerá a pena, certos estando de que continuará a contrantologiar, isto é, a valorizar os poemas – porque a Poesia se faz com eles, como afirmou Ruy Belo –, relegando os poetas para o lugar discreto que lhes compete.





NOTA: Portuguesia é editada pela Anome Livros, sediada em Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil). Página: www.anomelivros.com.br Endereço electrónico: wilmarsilva@wilmarsilva.com.br





Publicado aqui:

http://www.triplov.com/poesia/ruy_ventura/2009/portuguesia.htm

E aqui:
www.alicerces1.blogspot.com