segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Camisinhas poéticas


O servidor João da Cruz Ramos Filho, da 2ª VT de Itajaí, recebeu na quarta-feira (24), em sessão solene da Câmara de Vereadores de Itajaí, o título de Cidadão Itajaiense. Maranhense de nascimento, ele está radicado na cidade desde 1981, vindo do nordeste para trabalhar na Justiça do Trabalho. J.C. Ramos, como é mais conhecido, é autor de dois livros e idealizador do projeto Camisinha Poética, por meio do qual populariza seus versos e mensagens educativas em embalagens de preservativos. O reconhecimento público surgiu do impacto positivo que seu trabalho causa no município, incentivando a leitura e promovendo a conscientização.

SAÚDE
SEARA APOIA CAMPANHA DE PREVENÇÃO À AIDS ATRAVÉS DO PROJETO "CAMISINHAS POÉTICAS"
A Seara Alimentos e o escritor itajaiense J.C. Ramos Filho se uniram em uma ação de conscientização para prevenção à Aids. No dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, as 13 unidades produtivas da Seara distribuirão "Camisinhas Poéticas" aos seus colaboradores contendo textos do próprio autor nas embalagens. Em Itajaí (SC), a ação se estende a toda população, sendo distribuídos 50 mil preservativos.
O objetivo dessa campanha é conscientizar a população de forma criativa sobre a importância do uso do preservativo para prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. O escritório central da Seara, em Itajaí (SC), consciente da importância da mobilização nesse propósito, além de auxiliar a Secretaria Municipal de Saúde na distribuição de preservativos aos seus colaboradores, está patrocinando a ação.

Essa campanha faz parte de uma proposta lançada em 1997 por JC. Há 13 anos engajado nesse trabalho, o poeta já distribuiu mais de 400 mil camisinhas no Brasil, principalmente nas fronteiras nacionais.

Os textos poéticos são trechos do livro "Fragmento essencial" (lançado em 2004), da Editora Litteris. Além dos textos, as embalagens trazem fotos ilustradas de Itajaí do fotógrafo Victor Scheneider, com arte de Denis Uberti e Ana Paula Góis.

O poeta – J. C. (João da Cruz) Ramos Filho nasceu em 1953 na cidade de Paço do Lumiar, no Maranhão. Aprovado em concurso para o Tribunal Regional do Trabalho em Santa Catarina, veio para Itajaí em 1981. Graduado em Direito, em 1998 lançou seu primeiro livro, "Água de cacimba", já com a proposta de aliar poesia e prevenção. O trabalho de divulgação de mensagens poéticas e educativas em embalagens de preservativo foi fortalecido em 2004 com o lançamento de "Fragmento essencial".

Contato com o Poeta: jc.ramos@terra.com.br
Fone: 047 -9983-5888
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_america.asp?ID=600

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Infantilidade contra literatura infantojuvenil

Autores e ABL manifestam repúdio a veto do CNE a livro de Lobato
Paulo Virgílio
Seis escritores brasileiros dedicados à literatura infantojuvenil manifestaram hoje (5), em nota, seu desagrado e desacordo ao veto do Conselho Nacional de Educação (CNE) ao livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato. A nota é assinada pelos escritores Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Ziraldo, Lygia Bojunga, Pedro Bandeira e Bartolomeu Campos de Queirós.
Sob o título Lobato, Leitura e Censura, os autores lembram que as criações de Monteiro Lobato “têm formado, ao longo dos anos, gerações e gerações dos melhores escritores deste país que, a partir da leitura de suas obras, viram despertar sua vocação e sentiram-se destinados, cada um a seu modo, a repetir seu destino”.
Afirmam ainda que “a maravilhosa obra de Monteiro Lobato faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças. Nenhum de nós, nem os mais vividos, têm conhecimento de que os livros de Lobato nos tenham tornado pessoas desagregadas, intolerantes ou racistas. Pelo contrário: com ele aprendemos a amar imensamente este país e a alimentar esperança em seu futuro”.
Também a Academia Brasileira de Letras (ABL), da qual é membro uma das signatárias da nota, a escritora Ana Maria Machado, se posicionou contrária à tentativa de censura ao livro Caçadas de Pedrinho. Em reunião plenária na tarde de ontem (4), os acadêmicos manifestaram repúdio “contra qualquer forma de veto ou censura à criação artística” e apoiaram o ministro da Educação, Fernando Haddad, que foi contrário à determinação do CNE.
De acordo com a decisão dos acadêmicos, em nota divulgada hoje pela assessoria de imprensa da ABL, “cabe aos professores orientar os alunos no desenvolvimento de uma leitura crítica. Um bom leitor sabe que Tia Anastácia encarna a divindade criadora dentro do Sítio do Picapau Amarelo. Se há quem se refira a ela como ex-escrava e negra, é porque essa era a cor dela e essa era a realidade dos afrodescendentes no Brasil dessa época. Não é um insulto, é a triste constatação de uma vergonhosa realidade histórica”.
Na nota, a ABL sugere que, em vez de proibirem as crianças de conhecer a obra, os responsáveis pela educação fariam melhor se estimulassem os alunos a uma leitura mais aprofundada. Para os acadêmicos, é necessário aos professores e formuladores de política educacional ler a obra infantil de Lobato e se familiarizar com ela. “Então saberiam que esses livros são motivo de orgulho para uma cultura, e que muitos poucos personagens de livros infantis pelo mundo afora são dotados da irreverência de Emília e de sua independência de pensamento”.
A nota conclui com a afirmação de que “a obra de Monteiro Lobato, em sua integridade, faz parte do patrimônio cultural brasileiro” e com um apelo ao ministro da Educação no sentido de “que se respeite o direito de todo o cidadão a esse legado e que vete a entrada em vigor dessa recomendação”.
Agência Brasil - 05/11/2010

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Música Livre

'Música Livre' são encontros de experimentações sonoras para a criação de arte original e espontânea, e nesta edição contamos com a presença dos grandes amigos Guilherme Darisbo (Porto Alegre) e Yuki Yama (Japão).

Música Livre | Guilherme Darisbo + Yuki Yama + Lise + Barulhista + Ricardo Garcia
Dia 13/11/2010 (sábado)
R$ 8,00
19h30
Minueto Centro Musical | Rua Paulo Simoni, 54 - Savassi - Belo Horizonte - MG

Algumas palavras sobre os artistas

Guilherme Darisbo é um dos principais nomes brasileiros da música de improvisação livre. Viveu e realizou eventos e festivais em 8 cidades.  A partir de 2000, foi membro do coletivo Re:Combo, baseado no Recife, trabalhando com copyleft e arte colaborativa em música eletrônica e imagem.  Após voltar a Porto Alegre, entre 2004 e 2008, coordenou o coletivo Antena, com um trabalho exemplar de integração dos produtores latinoamericanos de música não-convencional. Realizou turnês por Argentina, Uruguai e Chile. Tem discos lançados por netlabels de 7 países, entre América Latina e Europa. É formador e membro do Doble Cuarteto, dream team de improvisadores livres da cidade de Buenos Aires.
http://www.myspace.com/cinevictoria

Yuki Yama é do primeiro time da nova geração de ruidistas do Japão. Na tênue linha entre ruído e melodia, renova os cânones do estilo, aplicando em diversos instrumentos seu conhecimentos de guitarra jazz e piano.  Após participar por um ano do Noisemusic Research Center da Universidade de Istambul, Turquia, e realizar estudos nas Faculdades de Letras e Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fixou residência no Brasil na cidade de São Paulo.
http://www.myspace.com/theygroup

Barulhista é o projeto de música eletroacústica do músico e compositor G.A.. Tem como objetivo fazer .Músicas para dançar sentado. ou uma tentativa de unir os ritmos e ambientes populares à estética eletroacústica. Apresentar sons que, apesar de conceituais, conseguem despertar nos mais diversos públicos possibilidades de imersão; Da mistura de sons produzidos pelos objetos e pelo cotidiano saem experiências em forma sonora.
http://www.myspace.com/barulhista

Ricardo Garcia é áudio artista  e desenvolve seus trabalhos nas áreas das artes visuais, artes cênicas e música. http://estudiofitacrepe.blogspot.com

Lise é o projeto de Daniel Nunes de música contemporânea, eletrônica, ambiente e vídeo. Partindo de temas instrumentais e experimentação de novas sonoridades, interage com imagens e cria diálogos simultâneos entre linguagens. Lise está em constante transformação indo além do universo musical, permitindo trocas com artistas de outras vertentes que passam pela vídeo-arte, web-arte e performance.
http://www.myspace.com/projetolise

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Corpo-Patrimônio

Sagrado Testamento Corpóreo de um Pós-Poeta


Poeta Silas Correa Leite


Quando eu morrer, quero deixar meu corpo todo, para, em meu nome, em nome do meu historial humanista de vida, fazer minhas últimas ações póstumas em defesa da ética, dos excluídos sociais, sempre protestando contra as riquezas impunes, os lucros injustos, as propriedades roubos, o cínico estado mínimo, e o câncer do neoliberalismo e suas privatarias, a globalização da miséria informal e o neoescravisno da terceirização amoral:

Vamos por Partes:

01)-Minha orelha esquerda deixarei para ser enviada ao Congresso Nacional Brasileiro, para ajudar que sejam ético-humanistas os ouvidores dos clamores das massas populares, já que o poder em nome do povo deve ser exercido, e assim possam customizar as leis para prover os Sem Teto, Sem Terra, Sem Trabalho e Sem Amor, os descamisados... mais as florestas e os povos das florestas;

02)-Meu olho esquerdo deverás ser enviado à ONU-Organização das Nações Unidas, para dizer que, mesmo depois de morto, feito uma metáfora de aviso, estou e estaremos de olho no trabalho oficial para que seja mais humanitária e menos reprodutora de injustiças dos países dominantes, do poderio financeiro e bélico deles, e criem efetivamente mecanismos de reprodução de riquezas e lutem contra oligarquias e monopólios que aumentam injustiça, geram a miséria e obtém lucros com a fome;

03)-Minha orelha direita deverá ser exposta no mais alto patamar de Itararé, minha aldeia natal, Santa Itararé das Artes, para ali poder ouvir, sentir e captar as vozes todas do ambiente, céus, rios, florestas, chuvas e espaços geofísicos naturais que me permitam estar simbolicamente atento ao clamor dos sentidos da vida em seu mais puro habitat humanizado;

04)-Meu fígado deverá ser embalado a vácuo e enviado ao bairro do Bixiga em Samparaguai, como um representante ético-humanista de boêmio pela própria natureza, e deverá assim estar sempre ao lado do que representa a vox populi da fauna notívaga e assim então poder ser acalentado pelas vozes dos artistas de rua, de bares e de tantos forfés em contentezas e prazeiranças da área etílica, pois, como disse o Chico Buarque de Hollanda, a seco, ninguém segura esse rojão;

05)-Meu coração de Andorinha será enterrado no Cemitério Lágrimas do Céu de Itararé, no mesmo túmulo de minha Mãe Eugenia, e ao lado dele brotarão flores de lágrimas, em memória de quem me deu a vida, e também em memória de meu pai Maestro Antenor que me deu inspiração, e também das pessoas que amei e partiram primeiro, e que me foram a razão de lutar, de ser e de sobreviver;

06)-Meu polegar esquerdo será enviado virado pra baixo, para as pessoas ou instituições que maltratarem animais, no sentido de expressar minha tristeza, meu protesto e meu gesto negativo contra todas as formas de deterioração de vida, inclusive da vida humana banalizada pelo consumo insano e dentro das infovias efêmeras a hipocrisia do ter valendo mais do que o Ser:

07)-Meu polegar direito deverá ser enviado à entidade, instituição, associação ou núcleo humanista que mais fizer em prol da vida, da defesa da vida, das causas sociais, da vida com compromisso ético e sócio-inclusivo, do humanismo enquanto defesa da liberdade, da democracia, da cultura para todos, pois a gente não só quer só comida, a gente quer prazer, diversão e arte como libertação;

08)-Meus pés serão transformados em ornamento, como um símbolo de busca de evolução, de aprimoramento espiritual, de sentido filosófico-existencialista ao verbo caminhar, pois somos, estamos e permanecemos, no sentido da grande busca que é a paz para todos, a provisão de luz para os espíritos viajosos carentes na espiritualidade do arco-íris atrás da estrada de tijolos amarelos, e contra todas as formas de opressão e mesmo do estado ineficaz em dezelo público;

09)-Meu dedo indicador será apontado contra as potências que fazem dos armamentos as piores formas de opressão, de domínio, buscando poder com sangue, destruindo vidas humanas em favor de estados bélicos, e será sempre inquisidor em sentido da busca pela paz no mundo, paz com justiça e pão, paz com justa distribuição de renda, paz em que não haja mais fronteiras, bandeiras, estados de guerra, como muito bem cantou John Lennon;

10)-Minha pele de Itarareense boêmio pela própria natureza, será transformada em produtos de couro, para num sentido lembrar sempre ao mundo que a pele de todos os animais ou do próprio ser humano são a mesma coisa;  devemos preservar todas as vidas no planeta terra, em nome de uma sobrevivência conciliadora como o sonho de Shangri-lá, de Pasárgada ou de uma Jerusalém Celeste, em que o leão paste com o cordeiro, todas as vozes se unam, sejamos todos irmãos e todos por todo, na alegria e na tristeza;

11)-Dos meus ossos então finalmente queimados serão feitos cinzas, em memória de Luther King, de Gandhi, de Maiakovski e de outros mitos que foram mortos ou se mataram por causa da fé, pela loucura de compreender e humanizar a vida como um todo; contra a opressão de qualquer tipo ou em nome de Deus, religião ou situação emergencial, e para que todos saibam que somos todos iguais, voltaremos ao pó, e em memória dos que cantaram o amor ao próximo, o amor à vida, ou à arte, e assim finalmente ficarão minhas cinzas para comporem o sagrado corpo de terra, a serem atiradas na curva do Rio Itararé, o rio que banha a minha aldeia-ninhal, o mais belo rio que banha  o meu berçário-raiz;

12)-Meus cadernos de rascunhos, já perto de mil, quantos forem à época de minha travessia, deverão ser doados ao núcleo de filosofia ou de letras da USP-Universidade de São Paulo, para estudos, pesquisas, acertos, tentas edições possíveis e abertas, e todos os proventos de percurso, além de sustentarem uma fundação cultural de Itararé, Cidade Poema, terão seus direitos reservados para serem providos a instrumentalizações de inclusão social, defesa da vida, do meio ambiente, da auto-sustentabilidade que essa instituição precisa e deve em meu nome e historial representar;

13)-Meus restos, por fim, o que restar ao final de tudo, nessa empreita, plantem em vasos de flores e deixem pelas ruas de cacau quebrado de Itararé, terra-mãe, meu reino encantado, para que um aqui e um ali, leve para si, para seu canto, para seu lar, para o seu sonho, as pétalas de meu lado sentidor, proseador, meu lado sobrevivente, porque, afinal de tudo, apesar de tudo, a maior vingança é ser feliz, e só somos felizes mesmo quando todos possam ter o que comer, haja justiça transparente e o direito de protestar contra tudo e contra todos seja sagrado, pois, afinal, já disse o poeta, o importante é que a emoção sobreviva, e o amor é comunitário e serviçal.

E tenho dito – está escrito: Maktub

 – Itararé/Sampa/31/10/2010


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Poeta Silas Correa Leite - E-mail: poesilas@terra.com.br - Site