quarta-feira, 10 de março de 2010

Isso aqui não é Bervely Hills

Nada de holofotes dos estúdios da Metro Goldwin Mayer em Hollywood. Não há leão rugindo. Se houvesse, seria fugido do circo.



Onde os olhos violeta de Elizabeth Taylor, a boca de Judge Garland, o topete brilhantinado de James Dean? Nenhum ataque de índios apaches. As lembranças são das balas Apache e Chita, essa última lembrando Tarzan. E as balas-doces nem passam perto das balas de fuzis e escopetas que passam zunindo e se alojam nas paredes dos barracos. Na televisão, mais um episódio da série Barrados no Baile e seus atores e atrizes no maior apuro fashion. Mas, lá fora, quem barra tudo e impede a subida no morro são as gangues de bandidos ordinários.



Ao menos no quarto há certo glamour: pôsteres de divas da música, um computador velho, mas passando e-mail, livros comprados com o dinheiro de um trabalho honesto, um telefone sem fio, um aparelho de som com o rádio ligado. Numa cama de metal com design moderno e sobre um colchão ortopédico, uma pessoa deitada de bruços, o braço esquerdo sustentando a cabeça e lágrimas rolando ininterruptas dos seus olhos. No chão de cerâmica rústica, uma caneta que caíra da sua mão direita e um bloco de papel onde o que aparentava ser uma carta foi escrito. Assim começava: "Eu quero ficar com você em todo lugar..."



No rádio, volume alto, rolava a música Everywhere do grupo Fletwood Mac.



Começava mais uma noite na favela.


Fleetwood Mac - Everywhere
Enviado por jpdc11. - Ver os últimos vídeos de musica em destaque

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