terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Caricatura





Caricatura



                                             by Lecy Pereira Sousa





Cada época elege seus ícones. Ao menos uma meia dúzia de pessoas costuma fazer isso: eleger o que simboliza uma época para a maioria das pessoas que, na maioria das vezes estão pouco preocupadas com as estatísticas.  Ao contrário, elas são o objeto das estatísticas.



Fala-se muito em interatividade quando a maior parte da sociedade brasileira não possui os mecanismos para tanto. Como estimular a participação sem induzir ou impor um provável resultado? Como promover a escolha pela escolha? Não me refiro à interatividade televisiva onde o telespectador é usado como um objeto e não como ser pensante.



Tudo bem. A sociedade, ou aquilo que entendemos como tal, ou o conceito raso que fazemos de sociedade, existe em camadas simultâneas. Alguns extratos sociais se encontram em situação privilegiada no tocante ao poder de informação. Pensar que todas as pessoas estão absorvendo de forma qualitativa a esmagadora quantidade de informações dos últimos tempos é presunção. Excesso de informação produz o mesmo efeito que a ausência dela, ou seja, a nulidade conceitual. Pessoas estruturalmente bem informadas dificilmente absorvem conceitos mal formulados. A Alemanha caiu na lábia de Adolf Hitler porque seu discurso tinha objetivos bem definidos e sedutores em relação a uma oposição incapaz  de propor um caminho menos insano.



Imagem hospedada em http://farm1.static.flickr.comO início do Século XXI tem sofrido igual batata numa frigideira a 100 graus para revelar seus ícones. Com a velocidade em que as novidades tecnológicas vão se sobrepondo, talvez passemos a eleger os ícones de um mês ou de uma semana, nunca os de uma época. No mundo da hiperinformação nada mais é apreciado a contento ou avaliado em sua extensão, ainda que ela seja txt. Não existe uma preocupação em informar para libertar. O objetivo é informar para confundir. Sem mencionar os mitos que vão sendo derrubados a cada nova descoberta arqueológica. Tudo que aprendemos nos livros didáticos, em grande parte, precisa passar por um grande reconhecimento de errata, embora isso não mude os efeitos danosos de falsos conceitos enfiados na cabeça dos incautos. Indo além, informar mal ou omitir informação de domínio público é questão ideológica.



 A olhar para a caricatura desse início de Século presumo que será de bom tom aprendermos a identificar a cor do olho de um furacão, o comportamento emocional dos raios, a trajetória de um vírus e por aí segue. Essas coisas, qualquer caipira é capaz de fazer com eficiência e sem preconceito.


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