sábado, 22 de agosto de 2009

Reflexões do agora

Por ocasião do lançamento do terceiro CD(Chiaroscuro), de uma carreira meteórica de sucesso principalmente entre o público adolescente, a cantora e compositora baiana Pitty disse a um jornal diário que vivemos numa sociedade onde as pessoas têm medo de dizer o que pensam e a fala soar "careta" ou fora do tom da tribo.

A MTV Brasil transformou Pitty em mais um entre tantos símbolos de uma era vazia e de bandeiras, no mínimo, contraditórias. Diversas perguntas podem ser elaboradas a partir daquela afirmação. As pessoas têm medo de dizer o que pensam ou não pensam e nada têm a dizer? As pessoas têm tempo para pensar num tempo cheio de comunidades virtuais que só aproxima, de fato, pessoas com afinidades sexuais? As pessoas querem, mesmo, pensar ou essa é uma exigência de uma minoria aborrecida que só faz pensar sem jamais tomar ações válidas por medo de errar e cometer gafes em praça pública virtual? É possível fazer discurso padronizado num país de inculturações tão diversificadas?Toda banda tem mesmo obrigação de escrever letras que façam os fãs pensarem? Adolescentes pensam ou reagem?

Pitty disse, ainda, que seu negócio é meio existencialista. Ela pode ter lido Sartre e Simone de Beauvoir. Algumas de suas letras trazem citações filosóficas sem qualquer intensão de aprofundar coisa alguma, mas confere alguma legitimidade ao seu trabalho artístico. Que utilidade esse texto pode ter para você? Todo e qualquer texto tem a obrigação de ser útil? A praticidade ou a subjetividade tem melhorado a nossa forma de perceber o próximo no tocante a tolerância, respeito aos direitos e deveres, liberdade de expressão, etc.? Amar ou odiar artistas dos mais diversos matizes tem resolvido nossos problemas existencialistas? Sociedade é só aquilo que você pensa (ou não) e ponto final?

A verborragia e o silêncio são tendências bastante humanizadas e isso não significa auto-ajuda para ninguém. A não ser que nos identifiquemos com isso ou aquilo. É bom pensar um pouco a respeito, mas alguém pode achar essa uma péssima idéia. Contudo, vamos ao pó e isso não significa um convite velado a artifícios alucinógenos - bem entendido.

P.S.: Segundo a Nova Lei a palavra idéia pode ser escrita com acento até o fim de 2010. Quero aproveitar ao máximo.





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