quinta-feira, 10 de julho de 2008

O diário de um louco


O diário de um louco


Calma, eu ainda estou te ouvindo,
Ouvindo-te suspirar, minha alma chora
Por não ter-te, e nem a calma,
Para o consolo ao te ouvir chorar.

Louco chamam-me às vezes,
Mais como não ser louco com os ais meus?
As dores loucas que às vezes sinto,
Sorrindo louco, blasfemando a Deus.

Chora ao ver-me tão triste,
Como pode chorar quando é a causa?
De dó? De pena? E ainda insiste...
Este riso na face, este morrer em minha alma.

Tantas horas que a esperei e que a vi em sonhos,
Tantas noites que passei em claro,
Tantas dores me consomem a vida,
Esta vida tem por cor o barro.

Sinfonias que escuto, faz-me chorar,
É normal eu sei...
E sei também que enquanto estou sozinho,

Outro a tem...
Eu o considero um rei.

Minhas paredes calam meus gemidos,
Um ser rebelde desgraçado e só,
Elas escondem este homem triste,
Esta triste dor que me transforma em pó.

Uma paixão, Deus por que deixaste,
Um filho seu se perder assim,
Eu sou tão bom mesmo assim cravaste,
No peito um amor que faz doer em mim.

As músicas lindas que amava tanto,
Ao passar dos anos já não mais escuto,
Minha alma se fechou quase por encanto,
Hoje canto as músicas chorando,
Minuto a minuto.

E ainda mais triste que chorar em canto,
Era quando cantava com outras e sorria,
Hoje choro triste e, no entanto,
Por mais que tenha feito eu não merecia.

Por Deus! Oi que fizeste na vida?
Pois não existe pena pior.

Algo terrível devo ter feito à querida,
Eu não me lembro, será isso melhor?

Não sei se imaginado ou vivido,
Tento mais não consigo lembrar,
Hoje bebo triste por ter esquecido,
A chave certa para a dor parar.

Cantar antigamente me aliviava a alma,
Desta longa pena e pesada cruz,
Hoje quando canto, gemo sem calma,
Sou como uma ferida carregada em pus.

Teus lábios lindos abriram-se um dia,
A gargalhar do poeta ao mundo,
Do amor que tinha e ainda tenho,
Jogou-me ao chão em poucos segundos,

E quando bebo chega um e outro,
E dizem: — Homem! Vais morrer assim!
Eu digo a eles e a todos em volta,
Que o que estão vendo é o que ela quer de mim.

Chegam-me no bar quando estou em uma mesa,
Lindas mulheres que me sugam a vida,
Quando já não me sustenho elas vão embora,
Eu esboço umas palavras: — Mais uma bebida!

Um dia louco entrei em nosso quarto,
E ao achar um lenço que deixou cair no chão,
Peguei e ao sentir o seu perfume,
Fez-me bater descompassado o coração.

Ao lembrar que um dia tive vida, nos olhos luz, na alma paixão,
Hoje morto ainda respiro,
Trago olhos tristes,
Na alma escuridão.

Ser a sombra de tua vida é minha sina,
Martirizado fico só a esperar,
Forte é a dor, tão grande é ferida,
Que já é antiga e não quer cicatrizar.

Meu corpo dói, pois há tempo estou nesta vida,
Sofro ao pensar se um dia serei feliz,
Pois há tempo que o que faço é chorar,
Por não ter quem eu sempre quis.

Teu batom teu perfume teu olhar,
Feriu-me tanto e ainda me fere,
Pois mesmo quando perder seu encanto,
Terar-me ainda se ainda quiser-me.

Você vive a vida como louca andarilha,
Viajando pelo mundo tendo do bom e do melhor,
Deixando-me aqui em sua armadilha,
Oprimido como um torniquete, desgraçado e só.
Hoje envergonhado e com a saúde afetada,
Esperando a inevitável promessa,
A morte que anda a espreita espera calma,
Mais não por muito tempo, ela esta com pressa.
Espero mesmo nesta longa tortura,
Antes da morte ou algo pior,
Tê-la ao meu lado em um último instante,
Ouvir tua voz,
Tocar em teu rosto, para não morrer só.




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