quarta-feira, 30 de julho de 2008

Arquiteto de filosofias



Eis que um suposto amigo me perguntou, um dia desses, se eu me transformaria num produtor de textos de colunas de sites que cedem espaço para que o suposto autor possa se exercitar e se sentir um escritor. Aquele negócio de auto estima, injeção para o ego, coisa do tipo: eu participo de um site muito lido, etç.


Não sei se lhe respondi na ocasião, mas não me passava e nem me passa pela cabeça ser um "colunista" que só recebe em troca a divulgação, o que não é pouco em tempos de Internet onde a visibilidade no mundo Web é tão concorrida quanto na vida fora dela.


Digamos que você seja um escritor embrionário, ou uma pessoa para a qual os spots de luz ainda não brilharam como é o caso da infinitesimal maioria das pessoas que escrevem e colocam textos na Internet. Se seu objetivo é "bombar" no mundo digital, é bom se preparar para uma longa jornada sem muita certeza de chegada. A menos que você seja parente do dono de uma grande editora que não poupará esforços no Marketing para tornar seu livro um best-seller, até como forma de não lograr prejuízo ao investir no primeiro livro de um parente. Outra hipótese: você tem uma linda conta bancária e pode bancar seus livros, pagar diárias de assessores jornalísticos, boas amizades nos jornais de grande circulação, um eficiente sistema de distribuição nacional e internacional, sua família adora seu ofício e todos apostam alto em seu sucesso e colocam toda infra estrutura familiar em seu apoio. Pode ser que você seja um típico autor que só pode publicar usando Leis de Incentivo à Cultura, mas não se engane. Sabe quem terá que cuidar da completa distribuição dos exemplares e da prestação de contas obrigatória, além de concorrer com outras centenas de projetos de livros maravilhosos e igualmente encantadores? VOCÊ. A menos que você pague pelos serviços de uma empresa especializada em captação de recursos e burocracias afins. Enfim, tudo conspira a e em seu favor. Por falar em conspiração, outra hipótese é você ser um predestinado e praticante das máximas de Paulo Coelho (vale lembrar que Paulo Coelho nasceu em berço esplêndido) como "viva sua lenda pessoal". É bom lembrar que , a exemplo dos concursos públicos, todos são seus concorrentes e querem ter o mesmo êxito literário ao qual você ambiciona (não sei se essa é uma palavra "pesada" demais para seus propósitos).


Agora, se você está pouco preocupado se o mundo vai acabar a seguir, se seu livro será publicado por um parente piedoso após a sua morte enterro e/ou cremação, se sua família acha que você é um irresponsável (essa dramaticidade é toda por minha conta) continue escrevendo e publicando na Internet. Até o momento, este é o único lugar que eu conheço que não faz restrições para publicar o que você quer para adultos ou para crianças, ainda que quem ganhe algum dinheiro seja quem lhe cede o espaço. A única pessoa que sabe o que quer ou não quer com aquilo que escreve é o próprio autor.


Se alguém lhe oferece um espaço para publicar textos de sua autoria é bom pensar duas vezes antes de recusar a "oferta" . Caso você recuse há várias hipóteses para a sua decisão: a) você detesta publicar as "coisas" que escreve; b) você não tem coragem de publicar o que escreve; c)você é orgulhoso ou orgulhosa demais para aceitar ofertas de qualquer espelunca de site; d) quem lhe convidou acha que o você escreve não vale um centavo e você acha que vale muito; e)você é um escritor famoso e celebrado e não tem tempo para perder com essas bobagens e nem para responder a cartas ou e-mails de fãs chatos, afinal, você é uma estrela ou um astro ou qualquer um outro corpo celestial. Há tantas outras possibilidades que eu poderia escrever um livro e sair procurando uma editora interessada em publicar um livro que elenca motivos que um suposto escritor tem para não publicar quando recebe um convite para fazê-lo.


Eu falava da pergunta do suposto amigo. Pois bem ou muito que bem, por causa dela, a pergunta, eu escrevi esse texto e tratei de publicá-lo.


Lecy Pereira Sousa


Arquiteto de filosofias


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